Prêmio Educador Nota 10 de 2019 anuncia vencedores
Premiação destaca projetos que tiveram como tema protagonismo feminino e juvenil, modernidade, preconceito e também ações ligadas à gestão da escola
por Redação 17 de julho de 2019
O Prêmio Educador Nota 10 anunciou nesta quarta-feira (17) os 10 vencedores da edição 2019. São 10 selecionados entre 4.876 projetos inscritos neste ano, um crescimento de 20% em relação ao ano passado. Entre os projetos vencedores estão temas como protagonismo feminino e juvenil, modernidade, preconceito e também projetos ligados à gestão da escola.
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O Prêmio Educador Nota 10 é uma iniciativa da Fundação Victor Civita em parceria com a Fundação Roberto Marinho, com apoio da NOVA ESCOLA e patrocínio da Fundação Lemann (mantenedora de NOVA ESCOLA) e da Somos Educação. Os projetos inscritos são avaliados pela Academia de Selecionadores e Jurados, composta por especialistas em cada área do conhecimento.
Os 10 vencedores são premiados com uma assinatura digital de NOVA ESCOLA, diploma de participação e R$ 15 mil, enquanto as escolas recebem $ 1 mil. A cerimônia de premiação que escolhe o Educador do Ano acontecerá na Sala São Paulo no dia 30 de setembro. O Educador do Ano é contemplado com um prêmio de R$ 15 mil e sua escola com R$ 5 mil. Conheça os 10 projetos premiados na edição 2018 do Educador Nota 10:
Rutemara Florêncio, professora de História do 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, em Boa Vista, Roraima. Projeto Histórias das Mulheres em Roraima. A professora queria que seus alunos vissem as mulheres como protagonistas na construção da História de Roraima e do Brasil, depois de constatar que elas são praticamente invisíveis nos livros didáticos e na rede. Para isso, Rutemara procurou enfocar profissionais em posições de liderança e luta, valorizadas por suas ações e seu trabalho. A professora planejou uma sequência didática que incluiu textos do livro “História das Mulheres no Brasil”, de Mary Del Priore, e preparações para captar entrevistas em vídeo. Foram ouvidas 41 mulheres sugeridas pela turma, entre elas Josidene Marques, a primeira médica indígena de Roraima, e Sara Patrícia, advogada e militante contra a violência doméstica. Os depoimentos foram analisados pelas equipes de alunos e deram origem a textos que relacionaram os acontecimentos da vida da entrevistada com as mudanças na sociedade. Os estudantes então organizaram quatro documentários em vídeo e quatro sites contendo histórias das mulheres retratadas no projeto.
Rodrigo Seixas, professor de Sociologia do 3º ano do Ensino Médio no CIEP 493 – Professora Antonieta Salinas de Castro, em Barra Mansa, Rio de Janeiro. Projeto: Um Passeio pelos Tempos Líquidos. Os problemas, dilemas e desafios do século XXI trazem maneiras diversas de viver e se colocar enquanto indivíduo na sociedade. O projeto de Rodrigo fez os alunos do último ano do Ensino Médio refletirem sobre essas questões tendo como ponto de partida o conceito de “modernidade líquida” do sociólogo polonês Zygmunt Baumann. Foram trabalhados os comportamentos e valores da sociedade contemporânea e temas que afetam os jovens, como os amores e as redes sociais. Utilizando uma metodologia híbrida e ensino – que pedia para lerem ou assistirem a conteúdos antes da aula – e tendo como parceira a professora de Língua Portuguesa, o professor dividiu as turmas em grupos que se dedicaram a estudar e debater temáticas derivadas do tema inicial. Ao explicarem os “tempos líquidos” para toda a comunidade escolar, os estudantes escolheram estratégias interativas como uma roleta de perguntas da fé, um teste para medir o nível de egoísmo e uma seleção de objetos para retratar o consumismo, além de usar charges, memes e tirinhas para completar a exposição.
Patrícia Barreto da Silva Carvalho, professora de Língua Portuguesa do 3º ano do Ensino Médio no Instituto Federal do Rio Grande do Norte, em Nova Cruz, no Rio Grande do Norte. Projeto: Argument(ação): protagonismo juvenil. Patrícia pediu aos alunos dos 3ºs anos que registrassem, com uma foto, um problema social da cidade onde vivem. Em paralelo, trouxe para a sala de aula imagens que representavam denúncias de questões sociais. Pediu aos alunos para observá-las, identificando temas e apresentando justificativas para os diferentes pontos de vista que vinham à tona. Percebeu que os jovens falavam dos temas de forma genérica e superficial e por isso planejou estratégias que tinham como foco a argumentação e a produção de um artigo de opinião. Por meio de um jogo criado pela professora, o Argument(ação), as turmas aprenderam diferentes tipos de argumentos e pensaram em soluções para os problemas sociais apontados. Terminada a produção escrita, os alunos prepararam um podcast para divulgar suas ideias.
Nilma Sladkevicius Castellani, professora de Língua Portuguesa da EJA (Educação de Jovens e Adultos) – multisseriada 1ª a 4ª/Fundamental 1, na EMEF Luiz Bortolosso, em Osasco, São Paulo. Projeto: Um Sorriso negro, um abraço negro. Estudantes com idades entre 24 e 71 anos, a maioria migrante do Nordeste, traziam em suas histórias de vida a forte presença do preconceito, das diferenças raciais e dos estigmas que surgem a partir deles. Em torno desse tema, Nilma organizou atividades para manter o interesse de todos e, ao mesmo tempo, gerar momentos potentes para os estudantes lerem e escreverem. Os preconceitos apresentados pelo grupo formaram listas de palavras, que levaram a discussão de relações sonoras com outras conhecidas, como seus nomes próprios. Anotações em palestras e durante uma peça teatral serviram para reflexão sobre o sistema de escrita. A professora propôs a leitura coletiva de biografias de personalidades negras e estimulou a produção de autobiografias, considerando os saberes e possibilidades de cada aluno e aluna. O sucesso do projeto foi tanto que aumentou a procura pela EJA na escola, motivando a abertura de uma segunda turma multisseriada.
Mariana Martins Lemes, professora de Geografia do 9º ano, no Fundamental 2, na Escola Estadual Professor Jácomo Stávale, em Sâo Paulo, São Paulo. Projeto: Agricultura no Brasil. O projeto transdisciplinar envolveu as áreas de Ciências, História, Língua Portuguesa e Artes e partiu de uma questão comum: Qual modelo agrário deveria receber mais incentivos do governo federal brasileiro nos próximos anos: o agronegócio ou a agricultura sustentável? Em grupos colaborativos definidos pela professora, os alunos foram se mobilizando em torno de atividades envolvendo metodologias ativas e propostas ao longo de um bimestre. Estudaram o papel da agricultura desde a formação do país (em História), seu atual impacto para a economia, a sociedade e o meio ambiente (em Geografia), as diferentes técnicas envolvidas na produção agrária, como as sementes modificadas (em Ciências), culminando na produção de um artigo de opinião (em Língua Portuguesa), no qual reuniram argumentos e se posicionaram sobre o assunto. Os avanços na compreensão dos conteúdos e na escrita ficaram evidentes nos cadernos de registro personalizados dos estudantes. Eles formaram uma visão ampliada e crítica dos principais conflitos e desigualdades socioespaciais da agricultura, e perceberam como a questão urbana e rural são indissociáveis no Brasil.
Jussara Cristina Vandalen Schmitz, professora de Matemática do Fundamental 1 na Escola de Educação Básica Frei Godofredo, em Gaspar, Santa Catarina. Projeto: Costurando a Matemática. Ensinar Matemática de maneira contextualizada à realidade do aluno foi o objetivo do projeto, que envolveu duas turmas do 4º ano. Para conhecê-las melhor, Jussara enviou um questionário para que os pais dos alunos pudessem “apresentar suas crianças”. Os dados obtidos serviram de referência para a produção e leitura de tabelas e gráficos em sala de aula. Não demorou para todos perceberem que em 60% das famílias havia costureiras. Em seguida, passaram a entrevistar mães e avós dos alunos em grupos de costura próximos da escola para saber quantas roupas produziam por dia, a média de horas de trabalho, o valor recebido por peça e os gastos com linha e energia, por exemplo. Com os dados coletados, a professora organizou aulas para que a turma aprendesse sobre estatística, medidas, problemas das quatro operações, sistema monetário, porcentagens, frações, entre outros.
Juliana Roshner Vianna Toniati, diretora da EEEFM Jones José do Nascimento (Ensino Fundamental 1 e 2 e EJA), em Serra, Espírito Santo. Projeto: Gestando sonhos, alcançando metas! Quando Juliana assumiu a direção da Jones, a escola era considerada uma das mais violentas do Estado e enfrentava problemas crônicos de indisciplina, vandalismo e baixa aprendizagem. Para transformá-la, foi fundamental ouvir a comunidade interna e externa, observar e propor intervenções de forma respeitosa, aproximando-se das necessidades da comunidade e das expectativas dos pais. A diretora fortaleceu lideranças democráticas como o grêmio estudantil e o conselho escolar, mas sua maior vitória foi envolver os professores em um trabalho colaborativo para traçar ações pedagógicas e alcançar metas de aprendizagem. Os resultados das avaliações externas foram contundentes: dos 28,6% de alunos abaixo do básico em Língua Portuguesa em 2017 sobraram apenas 3,4% em 2018. Já os proficientes passaram de 7,1% para 31%. Em Matemática, 50% dos estudantes tinham resultados abaixo do básico em 2017. No ano seguinte, eram só 13,8%.
Joice Maria Lamb, coordenadora pedagógica na EMEF Professora Adolfina J.M. Diefenthäler (Ensino Fundamental), em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Projeto: #aprenderecompartilhar – Escola Inovadora. Em conjunto com sua equipe, Joice se dedica continuamente à articulação pedagógica, à formação continuada e à gestão de projetos que enfocam experiências de autoria de profissionais e estudantes. Isso tudo caracteriza um jeito de ser Adolfina, como a escola é chamada, inspirado na convicção de que todos podem aprender e compartilhar saberes e na valorização do trabalho coletivo. E são vários projetos de inovação pedagógica. No #foradacaixa, alunos de diferentes idades e turmas participam de atividades juntos, sob o acompanhamento de professores. No projeto de Iniciação Científica, alunos do Ensino Fundamental escolhem temas de pesquisa, colegas de equipe e professores orientadores para realizar um estudo que é apresentado na Feira Anual de Iniciação Científica. A escola também tem propostas inovadoras para instigar a aprendizagem da Matemática e a produção de poemas. Inscrita no prêmio, #aprenderecompartilhar é uma ação ampla que articula todos os projetos e chama a comunidade escolar para avaliar as atividades pedagógicas e propor encaminhamentos, correções de rota e melhorias.
Arabelle Barbosa Calciolari, professora de Língua Estrangeira do 4º ano (Ensino Fundamental 1) na EMEB Maria Angélica Lorençon, em Jundiaí, São Paulo. Projeto: Os Beatles – seu tempo e sua história. A professora colocou em prática a visão de aprendizagem do idioma estrangeiro que prioriza a exposição dos alunos à língua autêntica e viva. Ela modulou as etapas de sua sequência didática sobre os Beatles de acordo com a curiosidade dos alunos 4º ano, aguçada pelos materiais de qualidade levados para a sala aula. A professora então apresentou oito canções da banda inglesa, cada uma por meio de exercício de listening diferente, variando as estratégias. Em seguida, as letras não foram traduzidas, ocorreram conversas sobre o que as crianças entenderam, construindo a compreensão de maneira coletiva. A história de cada composição, informações sobre o contexto das décadas de 1960 e 1970 e o engajamento político que a banda adotou foram acrescentadas por Arabelle e assim a turma entrou em contato com questões como a segregação racial e a guerra do Vietnã.
Luiz Gustavo Bonatto Rufino, professor de Educação Física, no 3º ano dos Anos Iniciais, Ensino Fundamental 1, na Escola Municipal Odete Emídio de Souza, em Paulínia, São Paulo. Projeto: Ressignificando as visões sobre o Corpo. Respondendo a uma pesquisa, vários alunos de Luiz Gustavo disseram que tinham vergonha de seus próprios corpos. “Uma quantidade expressiva de alunos apontou estar descontente com seu visual, o que me instigou a pensar em como as crianças têm compreendido e se relacionado com seus próprios corpos”, disse. O professor organizou um projeto para elas mudassem suas visões do corpo por meio de experiências significativas na Educação Física. Dividiu o trabalho em três eixos: “Eu, meu corpo e minha história”, explorando possibilidades físicas de cada um em práticas de atletismo, ginástica e circo; “O outro e seu corpo”, com atividades como o delineamento do contorno dos colegas e o uso de pernas de pau em duplas e “O Corpo, suas potencialidades e limitações”. Este último eixo abordou os sentidos, com atividades sem a visão, limitações motoras ou desafios específicos. As crianças também puderam refletir sobre as aulas e a imagem de si mesmos e dos outros.