Enem 2023: como a tecnologia pode contribuir na preparação para a prova
Com o apoio da tecnologia é possível gerar um diagnóstico das necessidades do estudante e trabalhar de maneira mais objetiva o desenvolvimento das habilidades
por Ruam Oliveira 3 de outubro de 2023
Quem está na terceira série do ensino médio em 2023 passou por uma série de mudanças ao longo da jornada de estudos, devido à pandemia de Covid-19. Jovens que se formam neste ano e estão agora pensando no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e em outros vestibulares vivenciaram um primeiro ano com aulas inteiramente online, um segundo ano com aulas híbridas e, agora, a fase presencial.
Entre idas e vindas, a tecnologia digital passou a ser parte do cotidiano escolar de muitos – em diferentes níveis. Com a proximidade do Enem, as ferramentas digitais continuam tendo potencial de exercer uma tarefa importante que é preparar a turma para ir melhor na prova, relembrar alguns conceitos e reforçar determinadas habilidades que são pedidas no exame.
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“Nessa época não adianta mais a gente encher essa galera de conteúdo: eles já tiveram isso ao longo do ano. Agora é o momento de criar conexões, é hora de abarcar, diagnosticar e ver se há alguma das habilidades da matriz de referência que aquele estudante ainda não conseguiu desenvolver de forma completa”, diz Tatiana Lemos, analista de conteúdo pedagógico da Árvore. “A tecnologia, nesse momento, serve para preencher essas possíveis lacunas que ficaram no caminho e fazer trabalhos mais direcionados”, complementa.
A matriz de referência do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo exame, elenca uma série de habilidades como dominar linguagens, compreender fenômenos e construir argumentação que, para Tatiana, não podem ser esquecidas na hora em que o professor planeja uma aula preparatória para o aluno que fará o Enem.
Neste objetivo de preencher lacunas de habilidades, a tecnologia pode ser usada de maneira mais individualizada, observando o que cada estudante tem mais necessidade em relembrar.
Experiências personalizadas
Este processo tem ocorrido com o Programa de Avaliação do Sistema SESI de Educação, conhecido como “Passe”, que prevê avaliações – entre elas um simulado do Enem – para observar os aprendizados dos estudantes e, com isso, gerar um diagnóstico que pode ser usado para recalcular a rota e preparar os estudantes.
Kledson Sousa, especialista em educação do SESI (Serviço Social da Indústria), em Brasília (DF), comenta que esse diagnóstico permite aos professores mapear o desenvolvimento de cada estudante, entendendo quais competências e habilidades merecem mais atenção.
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A instituição também tem desenvolvido estratégias usando inteligência artificial aplicada a plataformas de avaliação adaptativa. “A tecnologia nos ajuda a personalizar o aprendizado. Em vez de uma revisão genérica, por meio desse modelo de inteligência artificial e algoritmo adaptativo, a gente pode ofertar aos nossos estudantes o conteúdo muito mais alinhado às necessidades que são peculiares e individuais de cada um deles e, consequentemente, potencializar a chance de sucesso no Enem”, diz.
O analista aponta que esse trabalho pode ser facilitado também por meio da interatividade que a tecnologia possibilita. Muitos educadores utilizam quizzes, simulados ou atividades gamificadas como estratégia de fixação dos conteúdos vistos ao longo do ano.
“A gente não inicia conteúdos novos, porque com essa proximidade do Enem o foco realmente volta para essa consolidação de conteúdo já visto. E a tecnologia acaba nos ajudando a fazer isso de uma forma muito mais eficaz porque a gente identifica quais são os conteúdos que necessitam maior reforço”, afirma Kledson.
Exercitando habilidades
Tatiana Lemos afirma que, mais do que fixar os conteúdos, a estratégia de usar plataformas digitais permite que os estudantes exercitem habilidades que estão previstas na matriz de referência do Enem.
Por exemplo: a prova espera que os estudantes tenham boas habilidades em construir argumentação. A fim de desenvolver e exercitar essa habilidade, os professores podem investir na leitura de textos da atualidade, que vão incentivar a turma ao pensamento crítico e a construir argumentos mais embasados.
Ações como esta apoiam o estudante a criar conexões e dar significado ao que está aprendendo. “É muito fácil, nessa época do ano, a gente perder esses alunos no sentido do estímulo mesmo”, comenta.
Ela argumenta que é preciso focar que será uma revisão e não introdução de novos conteúdos, porque isso também pode reduzir o interesse dos alunos. “Tanto o uso da tecnologia quanto os pontos que serão abordados têm de ser intencionais”, reforça.
Contornar as pressões
Alinhado ao que precisa ser recuperado nessa reta final, os estudantes também passam pelo estresse de ter que fazer a prova. Junto com o planejamento dessa revisão, Tatiana aponta que a postura do professor também conta, como uma referência de acolhimento e inspiração.
“Tem uma coisa no papel do professor que é ele ser inspirador. Essa época do ano demanda que os professores sejam inspiradores, que digam que acreditam, que têm certeza que vai dar certo”, reflete.
O aspecto socioemocional também pode contar com o suporte da tecnologia. “Esse é o momento que eles não podem se afastar da escola. Para a semana pré-Enem,a gente tem que pensar numa semana diferente. É hora de acolher mesmo”, ressalta a analista.
Além desse olhar para as emoções, Kledson acredita que a tecnologia contribui para trabalhar a questão do gerenciamento de tempo, fator muito importante no caso do Enem.
“Embora essas tecnologias sejam ferramentas poderosas, elas não substituem a necessidade de boas práticas de estudos de auto gerenciamento e auto cuidado”, diz. “É fundamental integrar esse uso da tecnologia com estratégias de bem-estar, pensando no desenvolvimento socioemocional e de técnicas de estudo para auxiliar esses estudantes nesse período intenso”, conclui.