Manguezais amazônicos viram tema de jogo para a educação infantil
Em jogo de realidade virtual, crianças se tornam protetoras do mangue e aprendem brincando sobre como preservar o ecossistema
por Redação 6 de junho de 2022
E se, por meio de jogos e realidade virtual, fosse possível ingressar nos manguezais amazônicos junto com toda a turma e ensinar sobre esse ecossistema usando recursos visuais? Desenvolvido para a educação infantil, o jogo “Protetores do Mangue” permite uma imersão na temática socioambiental e trabalha conceitos como conservação e uso sustentável.
Dialogando com o cotidiano das crianças, a ideia do jogo é fazer com que elas aprendam brincando. “O objetivo é levar conhecimento sobre o ecossistema de manguezal e despertar reflexões para os problemas que ele enfrenta”, afirma Raynéia Machado, coordenadora de comunicação do Projeto Mangues da Amazônia – iniciativa realizada pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, com patrocínio da Petrobras e apoio do Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Não é preciso estar conectado com o wifi para que o jogo funcione, o que o torna ainda mais acessível a diferentes regiões – com baixa conectividade, inclusive.
Perguntas como “O que come o caranguejo?” ou “Como funciona a dinâmica das marés” são algumas das questões que aparecem para o estudante que, ao final de cada etapa da jornada, recebe o selo de “protetor do mangue”.
Dividido em três fases, o enredo traz conteúdos sobre o mangue-branco, o mangue-preto e o mangue-vermelho. Espécies do ecossistema como a Garça Gretta fazem parte da estratégia de contar a história sobre o mangue. No início do jogo, ela recebe a missão de “limpeza da casa”, que está tomada pelo lixo.
Quando o assunto é eliminação de resíduos, quem aparece é um caranguejo e um guaxinim, que se mostra um pouco em crise de criatividade devido à sujeira do manguezal. Ajudando os participantes a alcançarem os objetivos do jogo está o tralhoto, um peixe exótico comum nessas áreas.
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Temas como reflorestamento de áreas degradadas, empoderamento social, fortalecimento do manejo sustentável de recursos naturais e valorização da cultura local e que fazem parte das ações socioambientais do Mangues da Amazônia estão inseridos no projeto.
Ao fim de cada etapa da jornada, os usuários são convidados a conhecer mais sobre os temas acessando a vídeos com explicações de especialistas, diretamente do manguezal.
Realidade virtual
A realidade aumentada vem sendo usada em diferentes contextos educacionais, e o jogo é uma forma de imersão com mais significados. Os óculos usados no projeto foram projetados com material de biodiversidade: madeira de miriti, uma palmeira típica da região que, segundo a organização, foi utilizada sem impactos à floresta.
“Usamos o miolo – leve e maleável – dos galhos que brotam no crescimento da árvore”, diz Walter Júnior, pesquisador da UFPA e CEO da Inteceleri, startup que desenvolve o jogo em parceria com o Mangues da Amazônia. O material é conhecido como o “isopor da Amazônia” e geralmente é usado para fazer brinquedos tradicionais durante as festas do Círio de Nazaré, em Belém.
“Os óculos representam uma árvore que está crescendo e não morrendo”, enfatiza o professor de engenharia da computação. A matéria-prima vem de comunidades em Abaetetuba (PA), onde a montagem do equipamento também é feita. Esse movimento também contribui com a geração de renda para famílias locais.
“O trabalho de sensibilização do público infantil nos manguezais amazônicos – uma realidade antes distante – representa uma grande motivação”, aponta o pesquisador, também responsável pela tecnologia de gamificação do Protetores do Mangue. “É uma oportunidade de avançar na área de educação ambiental e desenvolver inovações em realidade virtual associadas a um game”, completa.