Novo ensino médio convida aluno a atividades práticas apoiadas em tecnologia - PORVIR
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Inovações em Educação

Novo ensino médio convida aluno a atividades práticas apoiadas em tecnologia

A partir da adoção do iPad, escolas começam a redesenhar as metodologias de aprendizagem com foco em projetos e no protagonismo do estudante

Parceria com Sejunta

por Ruam Oliveira ilustração relógio 5 de agosto de 2021

Com a implementação das diretrizes do Novo Ensino Médio, as escolas precisam ajustar seus projetos pedagógicos e de tecnologia às demandas dos novos currículos, para proporcionar uma educação que faça sentido ao estudante e promova maior engajamento.

Na virada para o ano letivo de 2022, os estudantes vão encontrar uma nova organização a partir das áreas de conhecimento, maior carga horária e também a possibilidade de se aprofundar em temas de seu interesse. Como foco deste trabalho está o desenvolvimento de habilidades e das competências por parte do estudante, além da construção do conhecimento a partir de uma visão mais ampla e uma compreensão mais orgânica e menos fragmentada.

No nível da escola o projeto de tecnologia deve apoiar tanto a integração entre as diferentes áreas do conhecimento e a realização de atividades práticas, quanto o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao mundo digital. Na Competência Geral sobre Cultura Digital da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), é detalhado que os estudantes precisam compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de maneira crítica, significativa e ética. E o projeto de tecnologia da escola deve ser responsivo o bastante para atender a esses anseios.

E muitas das atividades mão na massa propostas pelos novos currículos também vão pedir flexibilidade, podendo ser feitas em sala de aula, num laboratório ou mesmo em casa. Neste sentido, ficar preso a uma tomada é um impeditivo e as escolas estão optando por centralizar seus projetos em dispositivos móveis, como o iPad.

Natália Caroline dos Passos, professora de matemática do Colégio Bonja, em Joinville (SC), é responsável pelo Bonja Connect, um projeto de inserção de iPad no ensino médio que está ainda em fase inicial. A chegada do Novo Ensino Médio é acompanhada por um projeto de adoção dos novos equipamentos e agora a escola vive um período de “virada de chave” com os alunos.

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Atualmente, a escola já trabalha com iPad com as turmas do ensino fundamental 2 e a professora considera importante que esses alunos com uma prática mais tecnológica encontrem um ensino médio equivalente, que dê sequência ao que já estavam habituados.

Nessa busca por uma mudança de pensamento, Natália destaca que um dos maiores desafios é capacitar os professores – muitos não habituados a usar tecnologia em suas aulas – na utilização de equipamentos e na reestruturação das aulas.

“É difícil, nem todos estão confortáveis. Além de a gente precisar receber esses alunos, a gente precisa preparar a equipe para isso. Temos uma equipe mais experiente, [que tem] muita coisa para passar, mas a gente precisa entrar com essa ideia da tecnologia para eles [também]”, ressalta.

Ao mesmo tempo em que possuem certa curiosidade por conhecer e começar a trabalhar com essas novas ferramentas, os professores e professoras são mais resistentes em sair do que Natália considera como uma zona de conforto, principalmente porque há que ser feita uma adequação de conteúdos e na forma de apresentá-los.

Com o ensino híbrido e o período de educação vivido à distância, com aulas on-line, a presença da tecnologia está um pouco mais naturalizada no cotidiano dos estudantes e também dos professores. Contudo, pensar na adequação do currículo do novo ensino médio tendo em vista o projeto tecnológico da escola, não deixa de ser um desafio.


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Ana Paula Sapatini Marques, especialista de educação na Sejunta, Apple Authorized Reseller, explica que a tecnologia deve entrar para complementar os aprendizados, aparecendo de maneira transversal ao longo do currículo. Ao abordar temáticas que visam preparar os jovens para a sociedade como prevê o Novo Ensino Médio, a tecnologia em sala de aula não deve ser encarada como algo à parte e sim como facilitadora, destaca Ana Paula.

“Eu lembro de quando eu estava no ensino médio, em que o aluno era impedido de ter o celular em cima da mesa durante a aula. Aí [hoje] a gente depende disso agora, isso está muito claro”, diz Natália. Para ela ter um dispositivo móvel em aula não é mais caso para ser lidado com a coordenação, mas para ser entendido como parte da vida escolar. “Se souber usar da forma correta, ela é incrível”.

O relatório de resultados globais de uso de iPad na educação, feito pela Apple, destaca impactos positivos devido à inserção do dispositivo em sala de aula, com um aumento de resultados na participação dos estudantes, desempenho e motivação. A Escola Goodland, no Arkansas (EUA) viu uma redução de 25% na reprovação de alunos do ensino médio em uma ou mais aulas com o uso do dispositivo, assim como uma taxa de 10% de redução nos níveis de evasão da escola. A possibilidade de trabalho interdisciplinar por meio de aplicativos e materiais interativos também é apontada como uma característica positiva dessa estratégia de uso da tecnologia.

A especialista da Sejunta afirma que quando o professor utiliza a tecnologia em sala de aula, deve assumir o lugar de mediador, dando espaço para que o aluno seja protagonista, que é um dos objetivos do novo ensino médio.

“Cabe ao professor ir mediando o caminho da aprendizagem e, principalmente, não ter receio de que o aluno saiba utilizar o iPad melhor [que ele], por exemplo. Se for assim, tudo bem, porque a gente está nesse papel de ser formador e mediador, e [nos] cabe começar a direcionar, também, para um uso ético da ferramenta.”, disse.

Pensando em habilidades, há também o fato de que, apesar de terem acesso às ferramentas, nem todos os estudantes sabem transitar pelos diferentes aplicativos de modo a usá-los como ferramenta escolar. Ana Paula destaca a importância do letramento digital dos estudantes, algo que pode ser trabalhado também como proposta pedagógica nas escolas.

“A nossa ideia vai ser trabalhar nessa linha também de fazê-los entenderem [a tecnologia], porque hoje a gente é movido a buscas. A gente olha e tem alunos que ainda não entenderam como é que entra no calendário”, exemplifica Natália.

O Colégio Bonja tem planos de implementar definitivamente seu projeto de tecnologia com o primeiro ano em 2022, data em que o novo ensino médio deve ser definitivamente implementado pelas escolas, e ir progressivamente alcançando as outras séries. Em 2021, a escola já começou a promover alguns aspectos do novo currículo apresentando etapas de itinerários formativos envolvendo temas como educação financeira, iniciação científica e projetos de vida, com discussões sendo feitas em debates e oficinas no contraturno.

Durante esse período, houve incentivo da escola para que os professores começassem a trabalhar algumas ferramentas tecnológicas. A própria Natália afirma que começou a adotar atividades com planilhas eletrônicas em sala quando o assunto era educação financeira e disse ter percebido o quanto os estudantes se engajaram com a ideia.

Outro aspecto que para Natália é desafiador está na própria entrega de resultados. Segundo ela, o colégio onde atua é conhecido pela alta aprovação nos vestibulares e, esse novo projeto tecnológico em confluência com o Novo Ensino Médio, deve dar conta de responder também a esta demanda e manter os padrões existentes na escola quando o assunto são as provas de ingresso na graduação.

A professora destaca que uma estratégia é avaliar muito bem o conteúdo a ser proposto, trabalhando com aulas mais dinâmicas, que façam uso de aplicações, por exemplo. Um iPad ou dispositivo tecnológico previsto na aula pode atuar como facilitador também deste caminho, onde os assuntos são apresentados de maneira contextualizada, e onde os estudantes conseguem visualizá-los e, enfim, transpor o conceito ou ideia apresentada para algo mais tangível, afirmam tanto Ana Paula, quanto Natália.

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aprendizagem baseada em projetos, dispositivos móveis, ensino médio, interdisciplinaridade, tecnologia

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