O que mudou na educação na última década? - PORVIR
Crédtio: FG Trade/iStockPhoto/Ronaldo Abreu/Porvir

Inovações em Educação

O que mudou na educação na última década?

Especialistas e educadores falam ao Porvir sobre avanços já conquistados, desafios a superar e tendências da educação para os próximos dez anos

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 27 de dezembro de 2022

Apesar dos muitos desafios que ainda persistem, sobretudo após a pandemia de Covid-19, é inegável que a educação brasileira teve inúmeros avanços na última década. Houve melhoria de indicadores, surgimento de novas tendências educacionais e correntes de pensamento, formas inovadoras de aprender e estudar, de avaliar e planejar a educação. 

Durante esse tempo, o Porvir esteve atento às novidades e inovações no campo educacional. Para fechar a série de reportagens sobre os 10 anos do portal, lançamos o debate: O que esperar da educação na próxima década? 

Para discutir o que vem por aí, esta série de três reportagens sobre o panorama da educação brasileira contou com a participação de especialistas e educadores que, ao longo dessa primeira década do Porvir, somaram na missão de mapear, produzir e difundir referências para inspirar e apoiar transformações que garantam equidade e qualidade na educação a todos os estudantes brasileiros.

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Avanços e mudanças 

Se professores conseguem notar diferenças entre suas turmas de um ano para o outro, o que será que dá para perceber em relação à mudança na educação em 10 anos? Para Doug Alvoroçado, professor da rede pública do Rio de Janeiro (RJ) e um dos educadores homenageados na exposição “Encontro com o Porvir”, uma mudança significativa na educação está nos próprios alunos, que refletem as rápidas transformações da sociedade. “Os alunos estão com muitas questões socioemocionais, mas altamente tecnológicos, com múltiplos interesses e experiências diversas. As escolas têm apresentado muitas mudanças também, porém em outro ritmo.”

Segundo o educador, hoje, as instituições de ensino se mostram mais abertas a tecnologias e metodologias atualizadas, buscando entender mais sobre linguagens diversificadas, envolvendo diversas mídias e preocupadas em construir no seu corpo discente um sentimento de pertencimento, o que demanda dele, enquanto educador, um trabalho mais empenhado em letramento midiático. 

Giovana Picolo, educadora de Pinhal da Serra, no Rio Grande do Sul e também homenageada na exposição “Encontro com o Porvir”, reforça a presença da tecnologia em sala de aula, e como isso impactou alunos e educadores, que, sobretudo durante a pandemia, precisaram aprender a navegar nesse mundo de aplicativos e plataformas.

“Os alunos não são mais os mesmos. No meu tempo de aluna, nós íamos à biblioteca para retirar livros e realizar pesquisas. Hoje os alunos podem fazer tudo isso com um simples toque de dedos. Nós, professores, estamos aprendendo a inserir essa ferramenta em sala de aula em prol da educação.” A educadora conta que, durante a pandemia, aprendeu a criar jogos para trazer mais ludicidade às suas aulas, e ensinou os alunos a fazer o mesmo como uma forma de revisão de conteúdos. 

Aula gamificada: conheça a professora Giovana Picolo
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Tecnologia para a inclusão: conheça Doug Alvoroçado
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Já Luciano Meira, professor adjunto de psicologia na Universidade Federal de Pernambuco e cofundador e coordenador de Ciência e Inovação da Joy Street, afirma que a pandemia deixou ainda mais claro, com ares de uma demonstração global, um cenário que já era evidente: aulas expositivas fundamentadas apenas em conteúdo não correspondem a um modelo adequado para a construção de aprendizagens. É claro que aulas expositivas continuarão acontecendo, mas o educador pontua que a questão está na mentalidade do conteúdo enquanto um conhecimento que pode ser repassado, o que não funciona. 

Ele também pontua que, com a experimentação de tecnologias variadas durante a pandemia, houve mudança de percepção dos educadores sobre o potencial dessas ferramentas em sala de aula. “Por conta dessa virtualização, muitos professores passaram, de alguma forma, a ter uma escuta mais altruísta em relação ao desejo do estudante de usar certas ferramentas que ele usava unicamente fora da escola.” 

Entretanto, além desses avanços que aconteceram durante o período de aulas presenciais suspensas, também é possível enumerar uma mão cheia de conquistas de períodos anteriores.

Para Anna Penido, conselheira do Porvir e diretora do Centro Lemann, alguns aspectos merecem destaque: a promoção do acesso, principalmente na educação infantil e ensino fundamental, e um aumento de estudantes cursando o ensino médio; maior foco na aprendizagem e na garantia de que crianças e jovens estão aprendendo; e a importância de um olhar atento à educação integral, que vai além do desenvolvimento acadêmico intelectual e se preocupa com os aspectos sociais, emocionais, culturais e físicos dos alunos. 


Como parte das atividades de celebração aos 10 anos do Porvir, a mostra interativa e multimídia “Encontro com o Porvir: trajetória de educadores que transformam o presente e constroem o futuro” é realizada até 3 de fevereiro, no Museu Catavento – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, localizado na região central de São Paulo (SP). Além das 148 contribuições recebidas em uma campanha de financiamento coletivo, somam-se aos parceiros e apoiadores oficiais do projeto: Camino School, Faber-Castell, FTD Educação, Fundação Educar, Instituto Ayrton Senna e Red Balloon.

Régua de logos da exposição Encontro com o Porvir


TAGS

educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, ​​Porvir em 10 anos

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