Pesquisa nacional vai mapear escolas com projetos ligados aos ODS - PORVIR
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Inovações em Educação

Pesquisa nacional vai mapear escolas com projetos ligados aos ODS

Iniciativa do Instituto Significare quer entender como professores de todo o país abordam os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) em suas práticas pedagógicas

Parceria com Instituto Significare

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 13 de julho de 2023

“Acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.” Em 2015, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou um apelo global para alcançar tais metas até 2030, a chamada Agenda 2030. O compromisso, assumido por 193 países, envolve diferentes setores da sociedade, instituições políticas e a comunidade escolar. São 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) fundamentais para proteger o planeta e promover sociedades inclusivas até 2030. 

Alinhado aos ODS com foco no ensino e na aprendizagem, apoiando escolas e organizações em diferentes projetos, o Instituto Significare acaba de lançar a pesquisa Sustentabilidade nas Escolas do Brasil. O questionário, feito em parceria com a Bett Brasil e organismos internacionais, é voltado a professores e gestores de escolas públicas e particulares de todo o país. Até o final do ano, as melhores práticas inscritas serão publicadas em um e-book, a ser enviado a todos os respondentes. 

“Cada escola recebe o conceito dos ODS e trabalha com a temática da sustentabilidade de diferentes formas. Mas, por vezes, são conceitos ainda não palatáveis para algumas delas. Como alinham a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) aos ODS, por exemplo? Queremos apoiar essa tradução”, explica o professor Wellington Cruz, presidente do Significare. “Com a pesquisa, buscamos entender a percepção das escolas brasileiras ao lidar com soluções econômicas, eficazes e responsáveis na direção de construir uma sociedade ambientalmente equilibrada.”

O levantamento se baseia no número de inscritos que abordam a temática na edição 2023 do Prêmio Educador Transformador, realizado pelo Instituto em parceria com a Bett Brasil e o Sebrae. “Precisamos ouvir professores e gestores que vão nos contar como aplicam ou criam alinhamento das práticas em suas aulas, bem como o ponto de vista da cultura organizacional para mapear iniciativas inspiradoras”, complementa.

Sustentabilidade no currículo

Um dos projetos finalistas do Educador Transformador ilustra bem essa preocupação. O professor de química Lute Rafael de Souza, do município de Tutóia (MA), criou com sua turma do ensino médio um forno solar feito de materiais alternativos. A ideia surgiu durante a disciplina eletiva “Sustentando Ideias”, em 2022, no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, considerando a geografia local e a forte incidência solar da região. 

Alunos da turma do professor Lute Rafael de Souza

“O forno solar atende, de cara, dois ODS: combate à fome e combate à pobreza. E também o ODS 13, que trata da ação contra a mudança global do clima. Com o forno, é possível fazer várias preparações substituindo gás de cozinha. É gratificante ser reconhecido por algo que tem potencial de mudar a vida das pessoas”, comenta Lute.

O professor maranhense diz que sustentabilidade, aprendizagem baseada em projetos e protagonismo dos alunos são os pilares de suas aulas. E que o forno solar é o pai de outros projetos. “Ele acendeu uma fagulha nos olhos dos alunos, todo mundo quer participar. Uma das propostas agora é utilizar a casca do coco, tanto para remoção de metais pesados de águas contaminadas quanto como combustível sólido. Também estamos estudando a produção de um bioplástico a partir da casca de batata”, diz.

ODS na Educação de Jovens e Adultos

E não só na educação infantil, no ensino fundamental e médio que os ODS estão presentes. O CIEJA (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) Clovis Caitano Miquelazzo, em São Paulo, premiado por projetos relacionados à sustentabilidade, incorpora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em suas aulas desde 2018.

“Todos os anos, os alunos elegem os ODS que vão ao encontro das necessidades do território, com o objetivo de estudá-los”, conta o gestor da unidade, Ewerton Menezes. “Apresentamos os ODS e a Agenda 2030 e, na sequência, os alunos fazem o exercício de associar cada um aos problemas que percebem na comunidade, bem como à potência e aos desafios que notam na escola e no território”, explica.

Na sequência da metodologia, os alunos decidem quais são as questões mais urgentes para estudar ao longo do ano. São apresentados cinco ODS e apenas dois são selecionados, um para cada semestre. Em 2023, por exemplo, o primeiro tema foi o ODS 3 (saúde e bem-estar), e a partir de agosto, será trabalhado o ODS 4 (educação de qualidade).

Clique na imagem para conferir a galeria de fotos:

“Estudamos bastante sobre o SUS (Sistema Único de Saúde) e, a partir do mês que vem, pesquisaremos mais sobre a EJA, a pedido deles. Vamos organizar saídas para que conheçam outros CIEJAs e outras modalidades de educação, como quilombola, indígena e do campo”, planeja Ewerton. 

A fim de organizar os projetos e apoiar as aulas, o gestor e a equipe do CIEJA usam como base alguns documentos, entre eles o e-book “Educação para o desenvolvimento sustentável: um roteiro”, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), disponível gratuitamente para download.

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A urgência do debate e do cumprimento dos ODS

O secretário-geral da ONU, António Gutierrez, tem alertado que o mundo ainda está “fora do caminho” para alcançar a Agenda 2030.

Na terça-feira (10), foi lançado o relatório “Metas de desenvolvimento, relatório 2023: rumo a um plano de resgate para as pessoas e para o planeta”. A versão em inglês está disponível para download.

No texto de abertura, ele escreveu: “A meio prazo para a Agenda 2030, o Relatório de Progresso dos ODS mostra que estamos deixando mais da metade do mundo para trás. O progresso em mais de 50% das metas dos ODS é fraco e insuficiente; em 30 por cento, estagnou ou retrocedeu. Isso inclui metas-chave sobre pobreza, fome e clima. A menos que ajamos agora, a Agenda 2030 agenda pode se tornar um epitáfio para um mundo que poderia ter existido.”

Nesse contexto, a missão do Instituto Signficare, reforça Wellington Cruz, é colaborar para a execução da Agenda 2030. “Considerando que 2030 está aí, temos demandas e entregas urgentes que podem ficar no meio do caminho”, afirma. Ter as escolas, professores e gestores como aliados, portanto, é uma maneira de fortalecer o compromisso global. 

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aprendizagem baseada em projetos, educação infantil, eja, ensino fundamental, ensino médio, sustentabilidade

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