Como adotar o empreendedorismo social em práticas pedagógicas - PORVIR
Crédito: Divulgação/Cleudilon Passarinho

Inovações em Educação

Como adotar o empreendedorismo social em práticas pedagógicas

Explore recursos, casos práticos e ferramentas para redes e escolas em material exclusivo do Porvir

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 10 de abril de 2024

Nas discussões sobre reforma curricular no Brasil e no mundo, há uma busca por um modelo de educação menos conteudista e mais voltado para o desenvolvimento integral dos estudantes. A integração de conceitos e práticas de empreendedorismo social ao currículo se apresenta como uma estratégia promissora. Essa abordagem tem o potencial de fomentar um amplo leque de competências, capacitando os jovens a enfrentarem os desafios do mundo atual e a se posicionarem como protagonistas de transformações positivas na sociedade.

Para formar jovens que reconheçam o seu potencial de transformação social, os sistemas educacionais devem ser intencionais na hora de redigir os seus documentos curriculares. “Precisamos entender o que deve ser oferecido em termos de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para que os estudantes se sensibilizem com os problemas que estão à sua volta e tenham o compromisso genuíno de ser agentes ativos de mudança em questões coletivas”, diz Anna Penido, especialista em educação e diretora do Centro Lemann de Liderança para a Equidade na Educação.

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Apesar de muitos projetos de transformação social já acontecerem de forma orgânica ou até mesmo estruturada dentro das escolas, é importante que essas práticas sejam destacadas nos documentos educacionais e nos PPPs (Projetos Político-Pedagógicos) como um dos passos de seus planejamentos estratégicos. “Existe um currículo vivo que já acontece dentro das escolas, mas quando explicitamos isso, tiramos da invisibilidade. Saímos do campo do que é permitido para assumir um compromisso”, ressalta Anna Penido.

Ao conectar o empreendedorismo social com a educação, redes, escolas e educadores têm a oportunidade de adotar práticas pedagógicas dinâmicas, ativas e criativas. Entre as diferentes abordagens do campo das metodologias ativas que podem ser usadas para dar vida a um currículo que prevê o empreendedorismo social, vale recorrer à aprendizagem baseada em projetos. “Você não consegue dissociar muito o empreendedorismo do trabalho com projetos”, afirma Débora Garofalo, atual gestora de políticas inovadoras da Secretaria Municipal de São Paulo (SP). 

De acordo com Débora, fases como a identificação de uma questão desafiadora, o desenvolvimento de uma estratégia de execução e o aprendizado por meio da experimentação, que estão muito presentes nesse tipo de abordagem pedagógica, também fazem parte do universo do empreendedorismo. “Precisamos dar oportunidade para os estudantes tentarem, errarem e replanejarem.”

A partir do Guia Empreendedorismo Social na Educação, que apresenta referências, recomendações, casos reais e ferramentas, reunimos uma série de dicas para que redes e educadores tenham a oportunidade de adaptar ou construir novas práticas pedagógicas:

Sistematizar e compartilhar boas práticas pedagógicas

Após mapear e valorizar boas práticas de empreendedorismo social desenvolvidas na rede, é fundamental que a secretaria de educação faça a sistematização dessas experiências para que elas possam ser replicadas e adaptadas em outros contextos.

Essas experiências, quando organizadas para consulta, podem inspirar e apoiar professores e escolas, ao mostrar que é possível desenvolver projetos e atividades em diferentes realidades educacionais. Além de servir como um conteúdo inspirador e formador, a construção desse banco de boas práticas de empreendedorismo social também é uma forma de valorizar e estimular o trabalho do professor.

Desenvolver práticas e sequências didáticas conectadas com o currículo

As redes devem oferecer apoio aos gestores escolares, coordenadores e educadores para que eles desenvolvam experiências educacionais inovadoras de empreendedorismo social. 

Esse suporte pode vir por meio de formações, experiências, conexão com redes de apoio ou até mesmo a partir da elaboração de sequências didáticas que sirvam de inspiração para os educadores.

Ter altas expectativas

O empreendedorismo social requer abertura à experimentação e ao erro. Para possibilitar que os jovens se sintam seguros na hora de criar e desenvolver seus projetos, é importante demonstrar altas expectativas em relação a todos os estudantes. 

Pesquisas na área de educação e neurociência já demonstraram que as expectativas de aprendizagem influenciam nos resultados e nas atitudes dos alunos. Portanto, quando secretarias de educação e escolas confiam e acreditam no potencial dos alunos, eles desenvolvem seus projetos com maior confiança.

Conectar as práticas aos interesses dos estudantes

Independentemente da metodologia ou do processo adotado, é importante que as práticas pedagógicas levem em conta os desafios, os interesses e os projetos de vida dos estudantes. Com esse olhar, os professores começam a identificar quais são as estratégias que podem ser desenvolvidas com sua turma. 

Também é relevante que os educadores criem pontos de conexão entre as atividades desenvolvidas e a vida dos estudantes. Por que é importante aprender a trabalhar em equipe? Como essa competência será importante ao longo da vida? Esse tipo de relação ajuda o jovem a encontrar sentido na escola e nos projetos que são apresentados.

Trabalhar com metodologias ativas

Por envolverem os estudantes no processo de construção do conhecimento, as metodologias ativas são grandes aliadas dos educadores para trabalhar o empreendedorismo social. Além de estimular a autonomia e o protagonismo dos jovens, possibilitam aprofundar conhecimentos, trabalhar temas de forma transversal e promover o trabalho em equipe. 

Dentro das metodologias ativas, existem inúmeras práticas e abordagens que dialogam com a proposta de abordar o empreendedorismo social e estimular que os estudantes sejam agentes de transformação em suas comunidades. Entre elas, estão design thinking, ensino híbrido, sala de aula invertida, STEAM, maker e aprendizagem baseada em projetos.

O Guia Empreendedorismo Social na Educação também apresenta uma série de ferramentas pedagógicas. Clique aqui para acessar


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, educação mão na massa, empreendedorismo social, ensino fundamental, ensino médio

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