Professor que ensina matemática quer formação com troca de experiências
Pesquisa feita pelo Mathema em parceria com a Rede Conhecimento Social destaca a importância da formação continuada para melhoria do processo de ensino
por Vinícius de Oliveira 4 de maio de 2018
A consulta “Eu ensino matemática: a formação continuada que quero”, realizada pelo Mathema, instituição que desenvolve metodologias inovadoras, em parceria com a Rede Conhecimento Social, mostra que professores que ensinam matemática desejam cursos presenciais ou semipresenciais que promovam a qualificação profissional por meio da troca de experiências, em sua maioria presenciais (43%) e de longa duração (30 horas). O levantamento teve a participação de 1.800 professores, da educação infantil ao ensino médio, que responderam a um questionário online aberto entre novembro de 2017 e janeiro de 2018.
“Compreender os interesses e as necessidades dos professores é o ponto de partida para que possamos oferecer a eles uma formação continuada que faça efetivamente a diferença na sala de aula e, consequentemente, na aprendizagem dos alunos”, diz Katia Smole, sócia-diretora do Mathema. Logo de início, a tese de que a procura por formação continuada tinha como maior motivação a progressão na carreira caiu por terra, tanto para professores da rede pública quanto para a privada. Em seu lugar, professores colocaram a aprendizagem do aluno como maior meta a ser alcançada.
Dentre os respondentes, 60% estão no Sudeste, 16% no Sul, 12% no Nordeste, 7% no Centro-Oeste e 5% no Norte. Quando se olha para o perfil desses participantes, 8 em cada 10 são mulheres, têm mais de 10 anos de docência e são mais escolarizados que a média nacional, porque 8 em cada 10 realizaram ou estão realizando algum curso de pós-graduação, fator que também indica um público com alta procura por aperfeiçoamento.
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Metodologia
Para alinhar discursos e entender se a visão de especialistas e responsáveis sobre cursos de formação é a mesma que os educadores demandam, a metodologia da pesquisa seguiu o modelo PerguntAção, que envolve o público-alvo em todas as etapas da pesquisa. Neste processo, 18 professores apoiaram a construção de perguntas e hipóteses, a mobilização para coleta de respostas e a análise dos resultados.
A mesma estratégia foi utilizada na elaboração da pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção, do Porvir também com a Rede Conhecimento Social, que ouviu 132 mil alunos de 13 a 21 anos em 2016 e que hoje encontra-se novamente aberta com resultados divulgados em tempo real. O trabalho do Mathema conversa em diferentes pontos com a opinião dos alunos ouvidos na pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção. Enquanto aqueles sonham com aulas em que sejam estimulados a realizar projetos práticos que levem em conta seus conhecimentos e a resolução de problemas, aqui os professores reconhecem esses fatores importantes para o estudo da matemática, com 41% dizendo que a pedagogia precisa estar conectada com a realidade dos estudantes.
Como e o que mudar
Quando perguntados sobre os motivos que levam os alunos brasileiros a ter um baixo desempenho nesta área do conhecimento, os professores participantes dizem que a metodologia inadequada é o principal fator (32%), seguido por formação inicial (19%) e formação continuada insuficiente (14%). “A ideia que o professor atribui ao aluno a responsabilidade por não aprender não é refletida pela consulta”, diz a sócia-diretora do Mathema.
Após identificar sua parcela de responsabilidade, os professores avaliam que a mudança desse cenário depende da oferta de cursos de formação com foco na promoção do conhecimento integrado de um determinado tema na escola, em que eles saibam melhor como articulá-lo com outros professores e o que é esperado que os alunos aprendam em diferentes séries e idades.
Enquanto cursos ofertados são considerados muito teóricos, os professores demonstram grande interesse em diversificar a gestão de sala de aula. Isso é manifestado quando dizem se interessar muito por cursos que tragam novas formas de avaliar o desempenho do aluno (66%), que ensinem como preparar um plano de aula (63%) e de desenvolver trabalhos em grupo com uma nova organização de sala de aula (60%).
Com a publicação dos resultados, o Mathema espera agora que o debate sobre a melhoria da formação continuada em matemática leve em conta a voz do professor e alcance as mais diferentes instâncias da educação, de modo a aproximar a escola que os alunos e professores sonham ter.
O relatório divulgado nesta sexta-feira (4) com as principais descobertas da consulta pode ser baixado após preenchimento de cadastro no rodapé do site www.mathema.com.br/euensinomatematica.